A TI trabalha sim! E muito! (parte 3)
Talvez a culpa deste conhecimento popular de que quem trabalha com informática consegue resolver qualquer problema de qualquer tipo de aparelho que leve pilha ou seja ligado na energia elétrica seja dos primeiros profissionais de TI. Ocorre que no início da utilização dos computadores nos ambientes de trabalho pelas pequenas empresas poucas pessoas conheciam ou sabiam manusear os equipamentos. Neste caso, toda e qualquer situação que saísse do funcionamento comum costumava ser resolvida pela pessoa responsável pelos computadores.
Esses profissionais normalmente trabalhavam por tentativa e erro, e costumavam já ter trabalhado ou “brincado” com algum computador em algum lugar, o que os tornava especialistas no assunto. Ao tentar diferentes formas de resolver o problema, eventualmente o objetivo era atingido, o que iniciou a formação de uma base de conhecimento para futuras referências. Base esta apenas na memória de cada profissional, claro, pois temos que lembrar que na ocasião não existia esta enorme rede colaborativa chamada Internet, muito menos a maior de todas as enciclopédias, o Google.
Com o tempo foram surgindo cursos técnicos e universitários, e o técnico auto didata passou também a contar com o ensino de professores e a convivência com seus pares. Mas creio que o perfil dos profissionais que trabalhem com informática e tecnologia em geral continuarão atraindo a atenção por muitas décadas. Ainda hoje recebo eventualmente ligações para auxiliar, via telefone, como fazer a imagem da TV a cabo voltar a aparecer na televisão.
Apoio ou atividade fim
A maioria dos profissionais atualmente atuantes em áreas de TI das empresas trabalham em uma atividade de apoio. Os mais diferentes segmentos de mercado têm como atividade fim seus produtos ou serviços, e a Tecnologia da Informação atua como uma área de apoio, assim como o setor administrativo, comercial ou financeiro. Cada área de apoio é fundamental para que a empresa consiga trabalhar com foco em seus objetivos estratégicos. Porém de todas as áreas, a mais recente, e que ainda não possui o devido reconhecimento, é a área de Tecnologia da Informação. Em parte por ser, entre todas, a área mais recente das empresas, mas também porque já é de conhecimento geral o que ocorre se o Recursos Humanos, o Financeiro, o comercial, e outros setores não fizerem o seu trabalho. Não entram novas vendas, os funcionários não recebem, os fornecedores não são pagos. Mas e se a equipe de TI parar de fazer a sua parte? Alguém notará? Quanto tempo levaria? Veremos uma breve simulação mais tarde.
As empresas que possuem produtos ou serviços de TI como atividade fim, por sua vez, também enfrentam problemas similares, porém com uma proporção bem menor. Ocorre que, independente da atividade fim do negócio atuar na mesma área, estas também possuem as mesmas atividades de apoio das demais empresas. O atenuante principal se dá na noção que os profissionais que trabalham diretamente com os produtos finais têm das atividades de apoio da equipe de Tecnologia (nem sempre são os mesmos profissionais). Isso facilita a visão da importância da área de TI para os gestores, porém os demais setores da empresa podem acabar tendo a mesma noção das empresas que não possuem a TI como atividade fim, e pelos mesmos motivos.
As empresas que oferecem serviços de terceirização de TI atuam em uma espécie de “limbo”: Sua atividade fim é Tecnologia, porém seus contratos são geridos por uma área de apoio das outras empresas, e a visão da importância destes contratos se mistura com a visão que a empresa tem da equipe de TI. Por este motivo estes posts abordam que esta mudança de visão deve ser estimulada por todos os profissionais de Tecnologia, tanto contratados como terceirizados.